E-book: The money advice: Service habit formation and learning in young children

Antes de se tornar CEO da Berkshire Hathaway, o lendário investidor já foi até um "empreendedor mirim". Confira as dicas do bilionário para que a conversa sobre finanças entre pais e filhos não se torne um tabu

Se existe uma pessoa que entende a importância de ensinar as crianças sobre o dinheiro e responsabilidade financeira, essa pessoa é Warren Buffett.
Antes de se tornar CEO da Berkshire Hathaway, holding americana, o lendário investidor começou um punhado de pequenos negócios – começando aos seis anos, quando comprou um pacote de seis latas de Coca-Cola por 20 centavos e vendeu cada lata por cinco centavos.

Warren também vendia revistas e chicletes de porta em porta durante sua infância, demonstrando desde cedo uma habilidade invejável no mundo dos negócios.

“Meu pai foi a minha maior inspiração”, disse Buffett em entrevista à CNBC em 2013. “O que eu aprendi com ele desde cedo foi ter os hábitos certos cedo. A economia foi uma lição importante que ele me ensinou ”.

Quando perguntado sobre qual ele acha que é o maior erro dos pais quando ensinam sobre a forma de tratar com o dinheiro aos filhos, o bilionário afirmou que é a demora em abordar o assunto.

“Começar tarde. Às vezes os pais esperam que seus filhos estejam no mínimo na adolescência para começarem a falar sobre como administrar dinheiro – quando poderiam começar quando seus filhos estão na pré-escola”, acredita Buffett

O tempo é um fator importante e Buffett parece ter razão ao sugerir uma abordagem sobre finanças ainda na pré-escola. Como uma sustentação do seu argumento, pesquisadores de Cambridge notaram que 80% do nosso crescimento cerebral acontece aos 3 anos de idade.

Um estudo da Universidade de Cambridge descobriu que as crianças já são capazes de compreender os conceitos básicos de dinheiro entre as idades de três e quatro anos. E, aos sete, alguns conhecimentos relativos ao comportamento financeiro terão praticamente se desenvolvido.

“A maioria dos pais já sabe como é importante ensinar aos filhos dinheiro e como administrá-lo adequadamente”, reconheceu Buffett. “Mas há uma diferença entre saber e agir”.

De acordo com uma pesquisa de 2018 da T. Rowe Price, uma empresa americana de gestão de ativos de capital aberto e consultoria, que reuniu respostas de 1.014 pais (de crianças entre 8 e 14 anos) e mais de 1.000 adultos jovens (de 18 a 24 anos), apenas 4% dos pais disseram que começaram a discutir assuntos financeiros com seus filhos antes dos cinco anos.

Já 30% dos pais começaram a educar seus filhos sobre dinheiro aos 15 anos ou mais, enquanto 14% disseram que nunca tiveram esse tipo de conversa com os filhos, em nenhuma idade.

As lições que Buffett ensinou a seus filhos

Em 2011, Buffett ajudou a lançar uma série animada para crianças chamada “Secret Millionaire’s Club,” na qual se apresentava como um mentor das finanças para um grupo de jovens estudantes.

Há 26 episódios no programa, e cada um deles aborda uma lição financeira, como o funcionamento de um cartão de crédito ou por que é importante acompanhar onde você coloca seu dinheiro.

“Eu ensinei a todos os meus filhos as lições ensinadas no Secret Millionaire’s Club”, disse Buffett à CNBC. “São lições simples para os negócios e para a vida.”

Aqui estão algumas lições do programa, juntamente com as dicas de Buffett sobre como ensiná-las da melhor forma possível aos seus filhos:

Lição 1 – Como ser um pensador flexível

O objetivo desta lição é incentivar seus filhos a não desistirem porque algo não funciona da primeira vez. O mais importante é estimular capacidade de pensar criativamente e ‘fora da caixinha’. A criatividade se mostrará muito útil quando enfrentarem desafios financeiros futuros.

Dicas de Buffett:

Vá a um museu de arte com seus filhos e discuta os diferentes estilos de cada pintura. Então, convide-os a pintar algo próprio. Peça-lhes que pensem em diferentes ferramentas – além do pincel – que podem ser usadas (por exemplo, esponjas, cotonetes, dedos).

Transforme seu lixo em um tesouro, desafiando seus filhos a criar novos usos para coisas antigas ao redor da casa. Isso ajudará a ensiná-los a pensar criticamente, economizar dinheiro e ajudar o meio ambiente ao mesmo tempo.

Lição 2 – Como começar a poupar dinheiro

Como Ben Franklin disse uma vez, “um centavo economizado, é um centavo ganho.” Para que seus filhos entendam a importância de aprender a como lidar com o dinheiro, é imprescindível que eles saibam a diferença das palavras precisar e querer.

Dicas de Buffett:

Dê para seus filhos dois potes diferentes para colocar dinheiro: um para armazenar suas economias e outro para colocar o que será gasto. Cada vez que receberem dinheiro, fale com ele sobre como desejam dividir o dinheiro entre a poupança e o gasto. Isso cria uma noção de responsabilidade na criança.

Faça com que seus filhos façam uma lista de cinco a dez itens que gostariam de comprar. Em seguida, analise cada item com eles e marque se é um desejo ou uma necessidade. Isso ajuda a criança a entender a noção de prioridade.

Lição 3 – Como diferenciar preço de valor

Todos já pagaram mais por conta de um logo de uma marca conhecida estampada no prduto quando podíamos ter conseguido um item semelhante que era tão bom quanto por um preço menor.

A ideia desta lição é ajudar as crianças a compreenderem as diferentes formas como os anunciantes nos permitem comprar os seus serviços ou produtos, bem como saber o que vale e o que não vale a pena pagar.

Dicas de Buffett:

Faça uma lista de itens que você precisa no supermercado e, em seguida, verifique folhetos, jornais e sites com seus filhos para os itens da lista que podem estar à venda. Compare esses preços e veja qual loja oferece a melhor oferta para um produto específico.

Pegue uma revista com seus filhos e escolha um anúncio para avaliar. Pergunte a eles: o que está sendo vendido? Qual mensagem o anúncio está tentando transmitir? O que chama a atenção deles no anúncio? Como o anúncio faz com que eles se sintam? Como é tentar persuadi-los a comprar o produto?

Lição 4 – Como tomar boas decisões

A chave para tomar decisões inteligentes é pensar em como escolhas diferentes podem afetar os resultados futuros.

Dicas de Buffett:

Buffett sugere modelar boas habilidades de tomada de decisão e conversar com seus filhos sobre suas decisões enquanto você as faz, assim como sobre qualquer efeito dominó que elas possam ter.

Por exemplo: “Queremos comprar uma nova TV, mas nosso ar-condicionado está quebrado e precisamos economizar para consertá-lo. Se não o fizermos, estará muito calor em casa quando o verão chegar. Uma vez que o ar-condicionado é consertado, podemos pensar em comprar a TV. ”

Coloque seus filhos no hábito de tomar boas decisões sobre como economizar dinheiro. Talvez haja um DVD que eles querem comprar. Pergunte se eles realmente precisam ou se podem alugar o filme da biblioteca.

“Nunca é cedo demais”

Estimular hábitos financeiros saudáveis para os filhos é uma das coisas mais valiosas que um pai pode fazer para garantir que eles tenham um futuro de sucesso e uma estabilidade financeira.

É importante que desde cedo a criança dê valor ao dinheiro e saiba a melhor forma de gerir, independentemente da quantidade.

“Nunca é cedo demais”, disse Buffett em um Perguntas&Respostas do Yahoo Finance em 2013. “Seja ensinando as crianças o valor de um dólar, a diferença entre necessidades e desejos ou o valor da poupança – todos são conceitos que as crianças encontram no mundo muito cedo, então é melhor ajudá-los a entender”

E você, o que pensa a respeito?
Deixe a sua opinião.

Até o próximo post.

Quanto mais cedo as crianças tiverem acesso a uma educação financeira, maiores as chances delas manterem uma relação saudável com o consumo quando se tornarem adultos
Mesada para os filhos

Não há uma idade certa para começar a falar sobre dinheiro, porém é fato que grande parte dos problemas relacionados a dinheiro se deve a falta de educação financeira básica. Portanto, quanto mais cedo o tema for tratado entre as crianças, de maneira simples e franca, maiores as chances delas manterem uma relação saudável com o consumo quando se tornarem adultas. Desta forma, o site da Anbima, Como Investir, reuniu algumas dicas de como tratar o tema com as crianças. Não deixe de conferir:

Ajude a fazer o planejamento

Se seu filho recebe mesada, você pode ajudá-lo a planejar os gastos com o dinheiro, elaborando um pequeno orçamento com as despesas previstas.

Ajude a crianças a pensar nos gastos, no que ela poderá comprar com o dinheiro que conseguir juntar. Pensem juntos em objetivos e calculem quanto tempo de economia será necessário.

Exemplo em 1° lugar

Desde muito novas, as crianças observam todas as atividades cotidianas. Ainda que não entendam de onde vem o dinheiro, são capazes de perceber o ato de comprar algo ou pagar uma conta. Por esse motivo, o exemplo dos responsáveis é fundamental. As crianças assimilam e absorvem desde cedo os hábitos de consumo e poupança de uma família.

Segundo Ana Leoni, superintendente de de Educação da Anbima, é importante mostrar que o dinheiro não “brota do chão”, que é fruto de esforço. “Quando seu filho pedir um brinquedo mais caro, mostre a ele que aquele item requer uma economia maior do que uma barra de chocolate, por exemplo.”

Aprendendo no dia a dia

Muitos pais evitam falar sobre dinheiro para os filhos, e isso transforma o assunto em um tabu. Claro que não é necessário entrar em detalhes, contar para seu filho qual o seu salário, por exemplo. No entanto, as situações do cotidiano podem servir para ensinar muito sobre educação financeira.

Um passeio no shopping pode ser uma oportunidade para discutir porque o preço do mesmo produto varia em diferentes lojas ou, também, para falar das diferenças entre as coisas que “devemos” e as que “desejamos” comprar.

Pra começar, o cofrinho

O “cofrinho” também é uma boa maneira de ensinar dinheiro para as crianças. Há uma série de conceitos que podem ser englobados neste exemplo: explicar sobre o valor de diferentes moedas, sobre o que é poupar, como guardar dinheiro aos poucos para adquirir algo melhor futuramente. “O cofrinho é uma experiência que mistura a necessidade de disciplina, de se planejar e de poupar para conquistar o que se deseja. É positivo exercitar isso desde cedo até porque traz uma sensação de independência e autonomia para os pequenos”, ela explica.

Uma boa forma de ensinar o valor do dinheiro pode ser, por exemplo, propondo que as crianças guardem uma moeda por dia para poder comprar um chocolate no fim de semana. Com atividades como essa as crianças já se familiarizam com os números.

Depois, a mesada (ou semanada)

A mesada é um elemento eficaz de educação financeira. Combinar um dia do mês para fazer o pagamento e deixar que as crianças decidam o que fazer com o dinheiro estimula o amadurecimento emocional e financeiro delas.

Vale ressaltar que é fundamental que os pais também cumpram as regras da mesada. Se o dinheiro acabar e as crianças quiserem mais, lembre-as da data do próximo pagamento e aproveite para falar sobre a importância de controlar os gastos ao longo do tempo.

Caso tenha dúvidas sobre a quantidade de dinheiro que se deve dar às crianças, a Ana sugere que seja um real por ano de idade. Por exemplo, a menina de 8 anos ganharia R$ 8 por semana, e o de 10 anos, R$ 10. A família também pode conversar sobre quais itens devem ser cobertos por este valor e elaborar um pequeno orçamento. É possível que a criança precise de três mesadas para comprar aquilo que deseja, é aí que a importância do autocontrole e do planejamento entram em cena!

Até mais.

Mesada: aprender a poupar, planejar e conquistar

João Kepler Braga critica em livro a mesada para os filhos e explica os motivos para ir na contramão da maioria dos planejadores financeiros

Como é a relação do seu filho com o dinheiro? Este é um assunto que interessa a todos os pais, especialmente em um país como o Brasil, onde falar sobre finanças ainda é um tabu para a maioria das famílias. Se você acha que a melhor alternativa para abordar o tema com os pequenos é a adoção de mesada (ou semanada), talvez você precise rever alguns conceitos.

Pelo menos essa é a avaliação do especialista em empreendedorismo e educação financeira João Kepler Braga, que escreveu o livro “Educando filhos para empreender”, da Editora Ser Mais. Segundo ele, se por um lado a mesada ensina às crianças a ter organização, controle e disciplina, por outro passa uma sensação equivocada de que sempre haverá dinheiro garantido.

“Devemos acostumar nossos filhos à necessidade de trabalhar e não à de esperar um salário fixo no final do mês. Não haverá empregos formais para todos os jovens da nova geração, por isso a importância de ensiná-los a encontrar alternativas”, afirma.

O especialista defende que os pais se perguntem por que dar ou não mesada aos filhos. “Na sua cabeça seus motivos são claros? E para o filho, como ele recebe e reage com ao seu ponto de vista? Geralmente, os pais repassam o que viveram. Quem nunca ganhou mesada na vida, provavelmente não dará para os filhos, mas ensinará como ele poderá conseguir, porque foi assim com ele.”

Foi o que aconteceu com ele próprio. “Meus pais nunca puderam me dar tudo o que eu queria. Chegou um momento em que meus amigos tinham tudo e eu, nada. Mais para frente, quando a gente se tornou adultos, eu me vi em uma situação financeira melhor do que a de muitos deles”, conta Braga, que hoje é investidor-anjo através da Bossa Nova Investimentos, empresário e escritor.

“Saber lidar com dinheiro não é uma tarefa fácil nem para os adultos, imagine só para uma criança. Até que a gente compreenda quais são os limites e as necessidades reais, a caminhada é longa. Determinar prioridades e saber dizer não quando você deseja comprar algo, mas entende que não é o melhor momento, é o maior sinal de maturidade e controle financeiro. Para o bem do seu filho, comece a fazer isso desde cedo, não dê tudo que ele pede de forma desenfreada, porque essa atitude só irá deixá-lo cada vez mais consumista e fútil”, avalia.

Os três filhos de Braga sabem o que é e como lidar com dinheiro desde cedo. A caçula Maria Braga, de 12 anos, produz cupcakes desde os 8 anos. O Davi Braga de 15 anos, é fundador de uma startup chamada List-IT, de lista de material escolar. O filho mais velho, de 17 anos, o Theo Braga, é produtor de eventos e vende ingressos.

“Desde pequenos, sempre quis acostumá-los a não ter ‘nada garantido’ (…). Não quero meus filhos focados em ‘empregos’, os quero pensando em ‘trabalho’, o que é bem diferente”, diz. “O que eu faço em relação a dinheiro: dou o suficiente para o lanche na escola e negocio a cada momento e a cada nova necessidade. Procuro promover e nutrir valores como conquista, competição, realização, gratidão, humildade, resiliência, tenacidade, liderança e interdependência.”

Braga garante que seus filhos têm uma “vida normal”. “Eles vão para a escola, tiram boas notas, têm amigos, saem, namoram, fazem tudo o que qualquer adolescente faz”, conta. “Eu, enquanto pai, acompanho a dedicação deles para o empreendedorismo de perto e não permito que isso tome uma parcela significativa da vida deles ou os atrapalhe de alguma forma.”

O especialista concorda que o estilo de vida empreendedor também tem que respeitar a vontade dos pequenos. “Nem todo filho vai querer ser empreendedor desde pequeno ou demonstrar alguma vontade para isso, mas é importante que os pais estejam atentos para orientá-los de forma correta caso seja alguma coisa que parta deles próprios.”

Na contramão

A tese de que a mesada ou a semanada têm aspectos negativos para a formação das crianças vai na contramão do que a maioria dos planejadores financeiros defende. Para Álvaro Modernell, sócio da Mais Ativos, em vez de os pais quererem trazer as crianças para o universo adulto, é preciso fazer o caminho contrário. “Há uma tendência de querer tratar as crianças como miniadultos na hora de falar com elas sobre dinheiro, o que está errado”, diz.

Não adianta querer abordar o assunto quando chega uma conta de luz ou na hora de pagar a conta do restaurante. É a própria criança que vai determinar o timing em que a educação financeira deverá ser abordada. Por exemplo, quando ela pedir para comprar um brinquedo ou um lanche em um momento inadequado.

“Se ela quebrar um brinquedo, os pais nunca devem rapidamente substituí-lo por outro como se nada tivesse acontecido. Assim, ela começará, aos poucos, a dar valor ao dinheiro que foi gasto por aquele objeto”, afirma Modernell. “É importante explicar isso de uma forma simples. Quanto mais lúdico, maior é a chance de a ideia emplacar.”

O educador financeiro defende que as crianças devem ter o próprio dinheiro, recebido através da mesada ou semanada. E o valor vai depender de cada um. “Não há uma regra para isso. Vai depender do estilo de vida da família, da condição dos pais e da realidade de cada criança”, diz Modernell. “O que eu recomendo é que, se os pais estão em dúvida, por exemplo, se dão 10 reais ou 15 reais por semana aos filhos, eles devem optar sempre pelo menor valor”, completa.

Isso porque é, sem dúvida, muito mais fácil subir o valor da mesada/semanada lá na frente do que reduzi-lo. “Além disso, deixar as crianças com menos recursos também vai forçá-las a controlar melhor seus gastos, o que acaba sendo positivo”, explica.

O consultor financeiro e autor de livros de finanças Gustavo Cerbasi, da Mais Dinheiro, também defende a mesada. E no livro “Pais Inteligentes Enriquecem seus Filhos”, da Editora Sextante, ele recomenda a mesada como um artifício para se abordar as questões do dinheiro, visando praticar a educação financeira.

“João Kepler não pratica a mesada com seus filhos, sequer recomenda o uso do instrumento. Entretanto, sem dúvida alguma, educar filhos para empreenderem é um avanço incrível nessa proposta, mesmo que a mesada esteja ausente. O papel da mesada é meramente ter um motivo para pais e filhos conversarem sobre dinheiro”, diz.

“Quando se trata de uma educação empreendedora, esse motivo extrapola a questão financeira: pais e filhos passam a ter motivos para conversar sobre finanças, estratégia, marketing, frustrações e planos mais ambiciosos. Ou seja, trata-se de uma evolução no modelo proposto para a educação financeira”, completa o consultor, que escreve o prefácio do livro de Braga.

Até mais ver.